O conjunto de obras exibido na mostra ‘Judith Lauand: The 1950s’ representa não apenas a gênese criativa da artista concretista bem como seu rigoroso modus operandi, evidenciado no cuidadoso processo de produção, catalogação e preservação de sua obra, que possibilitou que esses trabalhos se mantivessem inéditos e unidos em seu conjunto por mais de 50 anos.
As obras exibidas são criações autônomas: guaches, desenhos e colagens sobre papel cuidadosamente identificados pelas letras C (abreviação de Concreto) e A (abreviação de Acervo) e números que possibilitam sua observação de maneira cronológica, uma prática que Judith Lauand imprimiu também em sua produção pictórica.
São todos trabalhos produzidos nos anos 50, década fundamental na produção da artista e que representa em sua produção até hoje, e apresenta todo o rigor e a delicadeza da artista na construção de sua poética. Os primeiros trabalhos com data de 1954, ano fundamental na carreira da artista, que passava por um período de intensa e radical transformação. ‘Em 1954 eu me encontrei com a arte concreta.[1]
Naquele ano, Judith Lauand foi monitora da 2a Bienal de São Paulo (a Bienal de ‘Guernica’, inaugurada emdezembro do ano anterior); participou e foi premiada no 3o Salão Paulista de Arte Moderna (Grande Medalha de Bronze), na Galeria Prestes Maia; realizou sua primeira mostra individual, na Galeria Ambiente (r. Martins Fontes, 223); e teve os primeiros contatos com a produção do Grupo Ruptura, a convite de Waldemar Cordeiro. Judith Lauand esteve ligada ao Ruptura até a sua dissolução e foi a única mulher a participar ativamente do grupo[2]
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[1] Declaração da artista em entrevista ao crítico e curador Paulo Herkenhoff, em 1996, publicada no texto ‘Judith Lauand, Arte de Delicadezas Concretistas’; catálogo da exposição ‘Judith Lauand – Obras de 1954-1960’, Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, São Paulo, 1996).
[2] O Grupo Ruptura foi responsável pela introdução do concretismo no Brasil ao inaugurar, em 9 de dezembro de 1952, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a mostra Ruptura, acompanhada de manifesto homônimo.
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- A Exposição ‘JUDITH LAUAND: THE 1950s’ teve inicio no dia 08 de Fevereiro de 2013 e encerramento no dia 09 de Março de 2013.
STEPHEN FRIEDMAN GALLERY– Londres – Inglaterra.
25-28 Old Burlington St, London W1S 3AN, Reino Unido.
Fonte: Galeria Berenice Arvani