As obras da artista Mira Schendel entre 1950 e 1980 foram tema da exposição Avesso do avesso, no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), que contou com mais de 700 convidados no seu vernissage e um número superior a 4.000 visitantes. Para coroar este grande sucesso, o IAC, a BEI Editora e o Deutsche Bank fazem hoje o lançamento do catálogo no Centro Universitário Maria Antonia.
Além das fotografias de Romulo Fialdini e Denise Andrade, o volume traz um ensaio de Cauê Alves, curador da exposição, e apresentação de Pedro Mastrobuono, presidente do IAC. O resultado final é um olhar apurado sobre a trajetória artística de Mira Schendel, com análise de suas principais obras.
Tanto a exposição quanto o catálogo abordam a parte fundamental da obra de Mira: os papéis. O percurso vai das Monotipias – conjunto de aproximadamente 2 mil desenhos feitos entre 1964 e 1966 e finalmente retomados nos anos 1970 – às Droguinhas, tipos de escultura com folhas de papel-arroz retorcidas e trançadas manualmente. Também estão presentes as séries Mandalas, na qual Schendel mostra seu interesse pela arte chinesa; Trenzinhos, que estabelece uma rica relação entre o ar, a matéria da obra e a atmosfera ao seu redor; Bordados, com motivos geométricos e Datiloscritos, na qual são utilizadas letras adesivas e pré-fabricadas.
“Por toda a sua trajetória produtiva, Mira foi criativamente fecunda, gerando um mundo próprio, repleto de signos e símbolos, livres e já desprovidos do comezinho conteúdo que tais elementos carregam no mundo coloquial. Um universo de letras e de símbolos matemáticos, correlacionados com a rica e intensa vida de Mira Dub, Hargeshemeier e, finalmente, Schendel.”
Pedro Mastrobuono
“A artista sempre soube explorar a materialidade do papel e jamais encobriu ou tentou dissimular sua presença.”
Cauê Alves