Paulo Herkenhoff coloca luz sobre as chamadas pinturas cegas de Tomie Ohtake nesta mostra que repensa a presença da artista na história e na historiografia da arte brasileira. A desafiadora tarefa de reunir as 30 obras provenientes de acervos e coleções particulares espalhadas pelo Brasil e exterior resulta na oportunidade de se contemplar, pela primeira vez, um conjunto expressivo desta série desconhecida do grande público, realizada há cerca de 50 anos (1959-1962), e pequena diante da extensa produção de pintora.
Segundo o curador, estas telas, concebidas de olhos cobertos, se problematizam como fenômeno do olhar. “A venda, como a cegueira para Diderot, ilumina o conhecimento sobre o olhar”. O crítico esclarece também que essas pinturas não buscam produzir uma imagem que corresponda à interioridade do Ser. “É uma pintura transiente: o acontecer pictórico acontecendo (…) nesse sentido, o trabalho das pinturas cegas é sempre uma operação crítica sobre o ocularcentrismo que rege a modernidade”.
A mostra tem ainda a intenção de refletir acerca do espaço reservado à produção de Tomie na historiografia da arte brasileira.
“Tomie Ohtake – Pinturas Cegas”
de 12 de abril (para convidados) até 19 de junho, no Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) – Pinheiros – São Paulo/SP