Exposição: "Pinturas recentes" de Tomie Ohtake

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Há quinze meses Tomie vem trabalhando em sua nova série de pinturas, que será apresentada ao público nesta exposição, inaugurada na semana em que a artista completou 97 anos. A mostra celebra também o início das comemorações do Ano 10 do Instituto Tomie Ohtake.

Tomie Ohtake, Sem título, 2010, acrílica sobre tela, 170 X 170 cm

A força de trabalho e a capacidade de renovação, surpreendentes para a sua idade, podem ser conferidas nestas 25 telas reunidas, em grandes formatos (de 1,50 x 1,50 até 2 x 2 metros), consideradas por Tomie como “um passeio pelo círculo”. Gesto fundador da linguagem da artista, a forma circular, presente em várias fases de sua obra, agora é protagonista de todas as pinturas da série. Segundo Paulo Herkenhoff, o círculo está na frente, mas cada um é inventado e cada um acaba por inventar uma nova pintura. “Os quadros apresentam diferentes questões pictóricas e a presença do gesto é muito importante e, mesmo quando não aparece, há o seu domínio”, comenta.

Tomie Ohtake, Sem título, 2009, acrílica sobre tela, 150 X 150 cm
Tomie Ohtake, Sem título, 2009, acrílica sobre tela, 150 X 150 cm

Lembra ainda o crítico, que o círculo é a síntese do espaço no mundo e é a forma mística que representa o ideal de perfeição. O círculo, ensô em japonês, tem um conceito fortemente associado ao Zen. Na caligrafia japonesa simboliza Iluminação, Esforço, Elegância, o Universo e o Vazio.

O interessante é que, se indagada, a artista japonesa naturalizada brasileira diz não perceber uma ligação consciente de sua obra com princípios orientais. É por isso que Herkenhoff costuma afirmar que ela é a verdadeira Zen, “já que simplesmente é, sem a intenção de ser, pois naturalmente abdica de qualquer intelectualização, verbalização e conceituação a respeito”.

Tomie Ohtake, Sem título, 2010, acrílica sobre tela, 170 X 170 cm

O universo pictórico de Tomie já foi identificado como “elevação conceptiva, sutileza rítmica, retenção e economia de meios, ímpeto e arrebatamento na criação de espaços”, por Mario Pedrosa; “precisão geométrica e gosto pela liberdade do gesto”, por Miguel Chaia; “sutilezas incomunicáveis”, por Paulo Herkenhoff; “invisibilidade como predicado e homogeneidade tonal decorrente de mesclas cromáticas, às vezes dificilmente perceptíveis, como se fora resultante de um lento processo de decantação”, por Agnaldo Farias; para citar alguns dos inúmeros pensamentos presentes em sua extensa bibliografia. E nesta exposição, mais uma vez, emerge de algum lugar do profundo em Tomie e de um fazer incansável, esta homenagem ao círculo, com cores, formas e traços inventados pela pintora.

Tomie Ohtake – Pinturas recentes
até 20 de fevereiro, no Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (entrada pela R. Coropés)

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