A polícia chinesa pôs fim à prisão domiciliária a que tinha submetido o artista Ai Weiwei para impedir que este assistisse à festa que tinha organizado para “celebrar” a prevista demolição do seu estúdio em Xangai, segundo contou o próprio criador através da sua conta no Twitter. Apesar da ausência de Ai, enclausurado na sua residência em Pequim desde sexta-feira, centenas de pessoas assistiram ao banquete que aconteceu domingo em Xangai, o que o foi classificado pelo artista como “grande êxito”.
Ai Weiwei tinha convocado um banquete com vinho local e 10 000 caranguejos em resposta à ordem das autoridads de Xangai de derrubar o seu estúdio construído recentemente naquela cidade. Segundo Ai, os responsáveis do distrito suburbano de Jiading tinham-no incentivado a instalar-se no edifício para impulsionar o desenvolvimento de uma zona artística similar às de Pequim, mas agora pretendem derrubá-lo ao considerá-lo ilegal.
A escolha de caranguejos do rio para o menu não é casual. Em chinês, o nome deste animal pronuncia-se de maneira semelhante a “harmonioso”, palavra que o regime utiliza constantemente para definir o tipo de sociedade que persegue. Agora, graças à Internet, o termo é usado como sinônimo de censura.
“Foi um grande êxito. As pessoas não estavam intimidadas. A polícia secreta tinha ameaçado muitos de perder o emprego se comparecessem, tendo ameaçado também os estudantes. E é muito difícil não estar assustado, porque nesta sociedade (China) há uma grande tradição de intimidar as pessoas”, explicou o artista.
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