O pintor e desenhista Wesley Duke Lee, um dos fundadores do Grupo Rex, morreu aos 78 anos, às 23h deste domingo (12/9), em São Paulo, após sofrer parada cardíaca. O artista estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa depois de ter passado mal durante a noite.
Neto de norte-americanos e portugueses, Duke Lee nasceu na capital paulista em 1931. Iniciou seus estudos no curso de desenho livre do Masp, em 1951. No ano seguinte, embarcou para os Estados Unidos e estudou em Nova York até 1955, onde entrou em contato com as obras de pioneiros da pop art, como Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Cy Twombly. Depois, ainda viveu em Paris e voltou a São Paulo em 1963 para organizar “O Grande Espetáculo das Artes”, um dos primeiros “happenings” — tipo de performance artística — do Brasil.
Nesta época, Duke Lee ajudou a consolidar um movimento chamado de realismo mágico ao lado de artistas como Bernardo Cid, Otto Stupakoff e Pedro Manuel-Gismondi. Já em 1966, com Nelson Leirner, Geraldo de Barros, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser, fundou o Grupo Rex, cuja atuação foi marcada pelo humor e crítica ao sistema de arte.
Na década de 1960, Duke Lee passou também a trabalhar com objetos tridimensionais. Obras como “O Trapézio ou Uma Confusão” (1966) e “O Helicóptero” (1967) são exemplos desta fase. Em 1969, morou na Califórnia, nos Estados Unidos, onde fez experiências com novas tecnologias e lecionou na Universidade do Sul da Califórnia, em Irvine. Durante a década de 1970, se interessou por cartografia, caligrafia oriental e desenhos de botânica.
Em 1979, ele realizou no Centro de Reprodução Xerox, em Nova York, as primeiras experiências com a técnica, que resultaram nos 400 originais da série “Papéis”. A partir disso, Duke Lee passou a pesquisar outras possibilidades do xerox, do vídeo, polaroid e demais formas de reprodução eletrônica da imagem.
São de autoria de Wesley Duke Lee dois painéis de 240 metros exibidos no metrô de São Paulo. Feitos em 1990/1991, as obras da série “Os Trabalhos de Eros” reproduzem pinturas da história da arte no Brasil.
Entre suas principais premiações destacam-se as da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) –de melhor pintor paulista do ano (1976) e de exposição retrospectiva de 1993, recebida em 1994.
Duke Lee se dizia influenciado pelo movimento dadaísta europeu — que resultou na pop art americana –, e pela publicidade, sobretudo pelas cores puras que fazia uso em suas obras. Em um vídeo publicado na Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais, declarou: “Sou um artesão de ilusões. O que realmente me interessa é a qualidade da ilusão. Se você conseguir atravessar o espelho e tiver a coragem de olhar para trás, você não vai ver nada”.
Atualmente, cerca de 60 obras do artista estão em exibição na Pinakotheke Cultural, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. São pinturas, desenhos, instalações e fotografias feitas entre os anos 1950 e 1990, que ficam em cartaz até o próximo 2 de outubro.
Fonte: UOL Entretenimento